Sem anistia! Por uma reforma das Forças Armadas! Por memória, verdade, justiça e reparação!

Os gravíssimos fatos revelados de ontem (19/11), envolvendo militares de alta patente que articularam um plano para assassinar autoridades da República, com o objetivo de dar um golpe de Estado e perpetuar a extrema-direita no poder, exigem uma resposta à altura das instituições e da sociedade.

As investigações levadas a cabo pela PF – que esperamos que avancem e cheguem aos autores intelectuais e políticos da trama golpista, representados por Jair Bolsonaro e seu núcleo duro de aliados, quase todos militares – são sinal inequívoco daquilo que denunciamos há décadas: o Brasil paga caro por não ter promovido um memória, verdade, justiça e reparação pelos crimes da ditadura.

É preciso que tenhamos dimensão da gravidade do problema. Esses militares não representam exceções. Membros das forças de Operações Especiais, eles eram tomados como exemplos bem-sucedidos de formação pelas Forças Armadas. Foram, por décadas, treinados e doutrinados no interior da caserna – gastando-se para isso vultuosas somas de recursos públicos –, e utilizaram esse arcabouço para elaborar um plano cujo intuito era impedir o exercício da soberania popular.

Que Forças Armadas são essas capazes de produzir, como seus filhos mais pródigos, sujeitos como estes? Não é possível que sigamos achando que se trata de um problema individual, de alguns CPFs, como disse o Ministro José Múcio – cuja permanência no cargo, aliás, é absolutamente inviável. Precisamos discutir o papel institucional das FA em meio a essa trama golpista. Ou a instituição passa por profundas reformas, ou jamais deixaremos de conviver com esse tipo de ameaça autoritária.

O presidente Lula, no marco dos 60 anos do golpe, tomou a equivocada decisão de silenciar sobre o passado com a expectativa de “pacificar” as relações com a caserna. Agora, que se revela que ele mesmo era alvo de uma tentativa de assassinato planejada por militares de alta patente, abre-se uma nova conjuntura para que o governo tome a decisão política de enfrentar o debate sobre uma reforma nas Forças Armadas. As propostas do Ministro da Fazenda de atacar os privilégios econômicos e materiais dos militares é um bom início, mas é preciso ir muito além.

Ao mesmo tempo, os acontecimentos de ontem – bem como o recente atentado contra o STF – exige que reforcemos o grito de SEM ANISTIA. Com os resultados das eleições municipais e a vitória de Trump nos Estados Unidos, a direita brasileira vinha acelerando suas articulações para anistiar não apenas os criminosos do 8 de janeiro, mas fundamentalmente para tentar reverter a inelegibilidade de Jair Bolsonaro.

A essa movimentação, se soma um processo de normalização de Bolsonaro e da extrema-direita, cujo símbolo maior foi o artigo publicado por ele na Folha de S. Paulo. O campo democrático e a sociedade civil precisam estar atentos e mobilizados para impedir que quaisquer propostas nesse sentido avancem. Já está claro que a opção por uma suposta “reconciliação” apenas fortalece os extremismos e as atitudes antidemocráticas.

Por memória, verdade, justiça e reparação para os crimes de ontem e de hoje!

Por reformas institucionais nas Forças Armadas!

Sem Anistia!

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